Irmandades
negras e a formação da territorialidade africana nas minas da
América Portuguesa
Sérgio Antônio de Paula Almeida,
Faculdade Santa Marcelina
Sérgio Antônio de Paula Almeida
escreve que o terreno comum dos historiadores culturais pode ser a
preocupação com o simbolo e suas interpretações. Assim o artigo
objetiva apresentar as irmandades negras no cenário das minas
setecentistas. O movimento religioso dos negros se coloca prante a
sociedade mineradora como fonte de bem-estar e estabelecimento de
ordem social embutida ao escravista no seculo XVIII. Negros,
escravos, forros, crioulos e homens livres puderam se estabelecer em
sua microrregião formando uma sociedade singular diferente do
contexto da época.
Para Sérgio os grupos humanos
aprendem a explorar o espaço e a encerrá-lo em sistemas de
representações que permitem pensá-lo. A partir da analise da
formação e atuação das Irmandades Religiosas nas Minas
Portuguesas ele apresenta as estruturas e interpretações de seus
membros como agentes sociais.
Em busca da autoafirmação social e
da reconstrução do sagrado deixado em território africano se
apresenta nas Minas como uma condição encontrada para alcançar
dignidade, preservar a vida e se sobressair mediante condições
impostas pelo escravismo colonial.
O Autor Afirma que as Irmandades
Negras sobressaíram à suas fronteiras. Juntos os “irmãos”
além de ajuda mutua prestavam culto próprio enquanto grupo étnico
e recriavam o mundo que haviam pertencido. Eles transmitiam a sua
concepção religiosa e a sua cultura.
Ele afirma que uma vez retirados da
sua localidade de origem os africanos sofreram os impactos da
escravidão porém enquanto indivíduos sociáveis e atuantes em suas
comunidades de origem preservaram suas raízes ancestrais, recriaram
seu espaço territorial e os transmitiram a seus descendentes a
herança cultural deixada na África.
Formada por estatutos e sob a vigília
da Igreja Católica as confrarias negras formaram um território
característico para assimilação da cultura e busca pela identidade
enquanto grupo étnico pertencente ao sistema escravista. Dessa forma
os africanos conceberam um novo contexto para o termo
“territorialidade”.
Para Sérgio com a conquista do
espaço social e étnico reconquistado com a formação do grêmio
religioso foi aberto espaço para conflitos dentro da sociedade
colonial . As raízes ancestrais se libertam e os grupos religiosos
recriam a partir do culto religioso a institucionalização do grupo
étnico.
Os escravos africanos recriaram a sua
terra e seus descendentes remodelaram de forma similar a terra de
origem de seus ancestrais. Reinventaram a África do outro lado do
Atlântico.
Segundo o autor após 400 anos da
implantação do sistema escravista na América restaram as heranças.
Para ele as manifestações
religiosas sobre a égide do catolicismo possibilitou a reinvenção
da vida, do culto ancestral. Possibilitou conquistar o espaços
sagrados e uma nova definição territorial para os negros. Seus
modos de ver a vida e de convivência colonial se dividiram: de um
lado, o negro, escravo e desvalorizado socialmente pela elite
dominante; do outro o Negro, africano em terras distantes e disposto
a manter viva a herança cultural de sua terra ancestral.
Por: Leandro dos Santos Faria. Graduando de Geografia na FASM-Muriaé