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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Irmandades negras e a formação da territorialidade africana nas minas da América Portuguesa

Irmandades negras e a formação da territorialidade africana nas minas da América Portuguesa

Sérgio Antônio de Paula Almeida, Faculdade Santa Marcelina

Sérgio Antônio de Paula Almeida escreve que o terreno comum dos historiadores culturais pode ser a preocupação com o simbolo e suas interpretações. Assim o artigo objetiva apresentar as irmandades negras no cenário das minas setecentistas. O movimento religioso dos negros se coloca prante a sociedade mineradora como fonte de bem-estar e estabelecimento de ordem social embutida ao escravista no seculo XVIII. Negros, escravos, forros, crioulos e homens livres puderam se estabelecer em sua microrregião formando uma sociedade singular diferente do contexto da época.
Para Sérgio os grupos humanos aprendem a explorar o espaço e a encerrá-lo em sistemas de representações que permitem pensá-lo. A partir da analise da formação e atuação das Irmandades Religiosas nas Minas Portuguesas ele apresenta as estruturas e interpretações de seus membros como agentes sociais.
Em busca da autoafirmação social e da reconstrução do sagrado deixado em território africano se apresenta nas Minas como uma condição encontrada para alcançar dignidade, preservar a vida e se sobressair mediante condições impostas pelo escravismo colonial.
O Autor Afirma que as Irmandades Negras sobressaíram à suas fronteiras. Juntos os “irmãos” além de ajuda mutua prestavam culto próprio enquanto grupo étnico e recriavam o mundo que haviam pertencido. Eles transmitiam a sua concepção religiosa e a sua cultura.
Ele afirma que uma vez retirados da sua localidade de origem os africanos sofreram os impactos da escravidão porém enquanto indivíduos sociáveis e atuantes em suas comunidades de origem preservaram suas raízes ancestrais, recriaram seu espaço territorial e os transmitiram a seus descendentes a herança cultural deixada na África.
Formada por estatutos e sob a vigília da Igreja Católica as confrarias negras formaram um território característico para assimilação da cultura e busca pela identidade enquanto grupo étnico pertencente ao sistema escravista. Dessa forma os africanos conceberam um novo contexto para o termo “territorialidade”.
Para Sérgio com a conquista do espaço social e étnico reconquistado com a formação do grêmio religioso foi aberto espaço para conflitos dentro da sociedade colonial . As raízes ancestrais se libertam e os grupos religiosos recriam a partir do culto religioso a institucionalização do grupo étnico.
Os escravos africanos recriaram a sua terra e seus descendentes remodelaram de forma similar a terra de origem de seus ancestrais. Reinventaram a África do outro lado do Atlântico.
Segundo o autor após 400 anos da implantação do sistema escravista na América restaram as heranças.
Para ele as manifestações religiosas sobre a égide do catolicismo possibilitou a reinvenção da vida, do culto ancestral. Possibilitou conquistar o espaços sagrados e uma nova definição territorial para os negros. Seus modos de ver a vida e de convivência colonial se dividiram: de um lado, o negro, escravo e desvalorizado socialmente pela elite dominante; do outro o Negro, africano em terras distantes e disposto a manter viva a herança cultural de sua terra ancestral.


Por: Leandro dos Santos Faria. Graduando de Geografia na FASM-Muriaé